Prelúdio // Uma menina, dois países, sete médicos, trinta e quatro semanas

A contabilização das semanas na minha gravidez tem sido uma complicação. O porque é simples: Comecei a ser seguida na Clínica Girassol em Angola - da qual não tenho a dizer senão bem, à excepção talvez da minha obstetra que era efectivamente pouco...efusiva vá "está tudo bém doná Márgarida, não vai se preocupar" - e com 20 semanas de gestação vim para Portugal, onde comecei a ser seguida pelo Dr. Jorge Borrego e pela equipa de imagiologistas obstetricas da Ecofetus, que é o mesmo que dizer, da Maternidade Alfredo da Costa (doravante, MAC). E quando há mudanças de máquinas, de profissionais e ainda de país, com toda a carga estereotípica que a medicina em Angola acarreta, é natural que haja confusão. Mais uma semana? Menos uma semana? Está pequena? Agora está gorda? Vamos repetir as provas da diabetes?

Vamos, sim. Confesso que os primeiros tempos deste corrupio de medicina defensiva, altamente detalhista (ao contrário das minhas amigas da Clínica Girassol - "Ah, está ali entre as 12 e as 13 semanas") me causaram uma enorme ansiedade - "Mas então, está tudo bem ou não está?". Agora já não causa. Já percebi o problema de falta de confiança inter-continental. E fiz uma amniocentese. Sim, as duvidas chegaram a esse ponto. Sei que está tudo bem.

Mas posso desde já afiançar que me sinto muito segura em ser seguida por estes profissionais de saúde, em especial pelo Dr. Jorge Borrego, que na sua calma e trato seguro, decorrentes de vários anos de prática clínica, me transmite segurança e não se importa de me fazer CTGs quando eu chego lá assustada, sem consulta marcada, a dizer que me dói a barriga.

A verdade é que gorda ou magra ou pequenina ou grandalhona, a Matilde mexe-se vigorosamente assim que acorda - normalmente, depois de mim, assim que tomo o pequeno almoço, claro! - e isto sou eu a racionalizar, porque na verdade acho um pouco estranho que quando eu me deite ela fique imediatamente "com sono" também, até porque acredito que ela vá tirando as suas sonecas durante o dia. O meu útero, por muito belo e interessante que seja, é um espaço confinado e escuro, não deve ter M4O com 300 canais, nem sequer uma estação de rádio ou um livro, com que a miúda se entretenha. Alternativamente, as suas tarefas passam por alimentar-se, dormir e conquistar o espaço outrora dominado, actualmente ocupado pelas minhas costelas, pelas quais ela não nutre grande simpatia.

A verdade é que estamos todos cheios de vontade de te conhecer. Todos, filha - filha...cada vez que escrevo esta palavra tenho assim uma espécie de baque - inclui a mãe, o pai, os avós, os tios, os primos, os tios afectivos e o coelho Bani que já está ali a postos à tua espera.

M&M.

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