Mom to be // Quem é esta pessoa no espelho?
Muitas mamãs dirão - já me disseram, já o ouvi tantas vezes - que durante a gravidez foram tão felizes, tão felizes, ai-ai-ai, que nem sequer pensaram no que andavam a comer ou a engordar que isso não importa nada.
Eu calo-me e sorrio de forma polida porque já percebi que nestes temas da maternidade cada mãe tem o seu ponto de vista muito pessoal, formatado pela sua própria forma de estar na vida, por aquilo que projecta de si na própria gravidez e bebé e normalmente são defensoras acérrimas dessas mesmas opiniões. E de acordo com a Drª Ruth Remédios e com as boas práticas de convivência entre seres humanos, creio que não vale, de todo, a pena entrar em confronto directo. A verdade é que eu não concordo nada com esta perspectiva de "estou grávida, é a minha oportunidade de comer aquilo que me apetece e engordar 30kgs porque agora é socialmente aceite". Por varios motivos.
O aumento de peso previsto e que é considerado "normal" anda ali algures entre os 11 e os 16 kgs. Há quem diga que só se deve engordar um kg por mês, totalizando apenas 9. Há que ache que 16 kgs já é um exagero. Eu acho que como em tudo tem que haver conta, peso e medida, literalmente falando neste caso. É claro que estamos a criar uma vida e isso implica um esforço energético e calórico superior. Não podemos nunca resolver entrar numa dieta de restrição alimentar extrema durante as semanas de gestação, é obvio e amplamente aceite. A boa prática é comer de tudo! Simples não é? Todos os grupos alimentares à excepção de gorduras em excesso, hidratos de carbono de absorção rápida e todo o tipo de doces. Alcool, tabaco e drogas também estão, naturalmente, na lista das restrições.
Comer de tudo também espera lá um bocadinho. Há uma lista infindável de alimentos que convém não consumir, incluindo peixes do fundo mais fundo do mar (como o peixe espada ou o atum) pelo excesso de mercúrio, os quejos - todos os alimentos - não pasteurizados (adeusinho querido brie...), carne mal passada (é importante que uma pessoa se habitue a comer bife-sola-de-sapato) caso não seja imune à toxoplasmose, saladas mal lavadas, pelo mesmo motivo, ovos crus (gemadas e alguns doces são um no-no)... entre outros. Estes são as principais interdições por motivos de saúde.
Segui à risca? Em Angola sim, não arrisquei um segundo e incluí todo o tipo de marisco na lista. A Amukina tornou-se a minha melhor amiga. Cá em Portugal, a partir das 20 semanas, confesso que comi várias vezes saladas fora de casa e a minha perdição: Sushi - apesar de não ser imune à toxoplasmose. "AI Maria Papoila, sua mãe herege". Não. Acho que não. Na prática, a toxoplasmose está praticamente erradicada do nosso país. E claro que não comi sushi naqueles restaurantes chineses assustadores, optei por não comer sashimi - desforrei-me nos hot rolls - e as saladas que comi também não foram propriamente ali na Tasca do Ti'Zé. Comi nos restaurantes onde me senti tranquila quanto a normas de higiene. Fiz a revisão à cozinha antes de fazer o pedido? Não. Mas considerei que estava a correr um risco reduzido senão inexistente. Acho que é importante não nos tornarmos mães-psicóticas-com-tudo em potência.
Quanto ao álcool e tabaco o meu médico foi peremptório: uma cruz de cima! Mas também abri algumas excepções - raras, e que acabam por me saber bastante mal. Estamos a falar de meio copo de vinho, três vezes, e de um total de cerca de 10 cigarros em 8 meses.
Claro que há mães que cortaram definitivamente e isso é bem melhor, tiro-lhes o chapéu. Também há mães fumadoras que não conseguem cortar completamente e reduzem o ritmo a 1 cigarro por dia ou um copo de vinho ao jantar. Preferi não arriscar muito e estou tranquila com a minha decisão.
Resumindo. Em 34 semanas de gestação, engordei 12 kgs. Quatro deles num mês em Angola onde só me apetecia comer pizzas, torradas, pão com queijo, croissants e ovos mexidos. Aí desleixei-me e correu mal, efectivamente. Cheguei a Portugal e o meu pai, que é um médico um bocadinho weight-nazi com as suas grávidas, passou-me um grande raspanete. E, agora, minhas caras, sinto-me um autocarro. Reparem que eu digo isto na maior das transparências e acho que é normal que uma mulher se ressinta da sua imagem corporal estar totalmente alterada. Haverá a quem apenas cresce uma barriga e a essas eu tenho apenas a dizer: "suas grandes badalhocas bafejadas pela sorte". No meu caso, estou um autocarro. Quando faço marcha atrás devia fazer um sonoro "piii, piiii, piiii". Nem é pela barriga. É pelas pernas que parece que triplicaram de tamanho é pelos os braços, mãos, pés, tornozelos inchados como nunca vi. Percebem? "Não! Eu comi o que queria e estava nem aí", dirão algumas mães. Pois. Eu arraquei com 5 kgs a mais do que era suposto e claro, eu estou aí. Preocupa-me voltar à forma física depois do parto. Vamos ser mães, é certo, mas continuamos a ser mulheres e é condição fundamental sentirmos-nos bem na nossa pele, bonitas e confiantes. Mesmo para sermos mães completas. Não quero ter a filhota mais linda do mundo pendurada de um Jabba em potência. Assim sendo, tenho tido relativo cuidado com os hidratos de carbono - podia ter tido mais, confesso - e, por não ter conseguido erradicar completamente os docinhos, lá marcha uma Romântica de quando em vez.
Este tema da alimentação na gravidez tem outro revés que é a Diabetes Gestacional. Abusar de porcarias porque se está gravida, aliado a alguma predisposição genética, é meio caminho andado para fazer uma PTGO e ter uma má notícia. Eu já vou na segunda PTGO e para já tudo ok. Naturalmente que não me mandarão fazer outra.
Outro aspecto a ter em consideração é o abuso de sal e a sua inevitável relação com a tensão arterial: Grávida que é grávida tem a tensão baixinha, baixinha e andamos todo o dia a desmaiar pelos cantos. Eu pelo menos assim ando. Mas isso é bom. Tensões arteriais baixas é uma boa notícia - abaixo dos 12-8. Eu tenho andado nos 10-6, mas já cheguei aos míticos 9-4. Aqui torna-se perigoso porque se corre o sério risco de desmaiar para cima da barriga - mas é isso e em principio não vamos desmaiar para cima da barriga não é? A tensão alta pode provocar pré-eclampsia e isso sim é uma chatice das grandes, com partos prematuros e morte fetal. Por isso, meninas, cuidado no sal e tensão sempre baixinha sim?
M&M.
Eu calo-me e sorrio de forma polida porque já percebi que nestes temas da maternidade cada mãe tem o seu ponto de vista muito pessoal, formatado pela sua própria forma de estar na vida, por aquilo que projecta de si na própria gravidez e bebé e normalmente são defensoras acérrimas dessas mesmas opiniões. E de acordo com a Drª Ruth Remédios e com as boas práticas de convivência entre seres humanos, creio que não vale, de todo, a pena entrar em confronto directo. A verdade é que eu não concordo nada com esta perspectiva de "estou grávida, é a minha oportunidade de comer aquilo que me apetece e engordar 30kgs porque agora é socialmente aceite". Por varios motivos.
O aumento de peso previsto e que é considerado "normal" anda ali algures entre os 11 e os 16 kgs. Há quem diga que só se deve engordar um kg por mês, totalizando apenas 9. Há que ache que 16 kgs já é um exagero. Eu acho que como em tudo tem que haver conta, peso e medida, literalmente falando neste caso. É claro que estamos a criar uma vida e isso implica um esforço energético e calórico superior. Não podemos nunca resolver entrar numa dieta de restrição alimentar extrema durante as semanas de gestação, é obvio e amplamente aceite. A boa prática é comer de tudo! Simples não é? Todos os grupos alimentares à excepção de gorduras em excesso, hidratos de carbono de absorção rápida e todo o tipo de doces. Alcool, tabaco e drogas também estão, naturalmente, na lista das restrições.
Comer de tudo também espera lá um bocadinho. Há uma lista infindável de alimentos que convém não consumir, incluindo peixes do fundo mais fundo do mar (como o peixe espada ou o atum) pelo excesso de mercúrio, os quejos - todos os alimentos - não pasteurizados (adeusinho querido brie...), carne mal passada (é importante que uma pessoa se habitue a comer bife-sola-de-sapato) caso não seja imune à toxoplasmose, saladas mal lavadas, pelo mesmo motivo, ovos crus (gemadas e alguns doces são um no-no)... entre outros. Estes são as principais interdições por motivos de saúde.
Segui à risca? Em Angola sim, não arrisquei um segundo e incluí todo o tipo de marisco na lista. A Amukina tornou-se a minha melhor amiga. Cá em Portugal, a partir das 20 semanas, confesso que comi várias vezes saladas fora de casa e a minha perdição: Sushi - apesar de não ser imune à toxoplasmose. "AI Maria Papoila, sua mãe herege". Não. Acho que não. Na prática, a toxoplasmose está praticamente erradicada do nosso país. E claro que não comi sushi naqueles restaurantes chineses assustadores, optei por não comer sashimi - desforrei-me nos hot rolls - e as saladas que comi também não foram propriamente ali na Tasca do Ti'Zé. Comi nos restaurantes onde me senti tranquila quanto a normas de higiene. Fiz a revisão à cozinha antes de fazer o pedido? Não. Mas considerei que estava a correr um risco reduzido senão inexistente. Acho que é importante não nos tornarmos mães-psicóticas-com-tudo em potência.
Quanto ao álcool e tabaco o meu médico foi peremptório: uma cruz de cima! Mas também abri algumas excepções - raras, e que acabam por me saber bastante mal. Estamos a falar de meio copo de vinho, três vezes, e de um total de cerca de 10 cigarros em 8 meses.
Claro que há mães que cortaram definitivamente e isso é bem melhor, tiro-lhes o chapéu. Também há mães fumadoras que não conseguem cortar completamente e reduzem o ritmo a 1 cigarro por dia ou um copo de vinho ao jantar. Preferi não arriscar muito e estou tranquila com a minha decisão.
Resumindo. Em 34 semanas de gestação, engordei 12 kgs. Quatro deles num mês em Angola onde só me apetecia comer pizzas, torradas, pão com queijo, croissants e ovos mexidos. Aí desleixei-me e correu mal, efectivamente. Cheguei a Portugal e o meu pai, que é um médico um bocadinho weight-nazi com as suas grávidas, passou-me um grande raspanete. E, agora, minhas caras, sinto-me um autocarro. Reparem que eu digo isto na maior das transparências e acho que é normal que uma mulher se ressinta da sua imagem corporal estar totalmente alterada. Haverá a quem apenas cresce uma barriga e a essas eu tenho apenas a dizer: "suas grandes badalhocas bafejadas pela sorte". No meu caso, estou um autocarro. Quando faço marcha atrás devia fazer um sonoro "piii, piiii, piiii". Nem é pela barriga. É pelas pernas que parece que triplicaram de tamanho é pelos os braços, mãos, pés, tornozelos inchados como nunca vi. Percebem? "Não! Eu comi o que queria e estava nem aí", dirão algumas mães. Pois. Eu arraquei com 5 kgs a mais do que era suposto e claro, eu estou aí. Preocupa-me voltar à forma física depois do parto. Vamos ser mães, é certo, mas continuamos a ser mulheres e é condição fundamental sentirmos-nos bem na nossa pele, bonitas e confiantes. Mesmo para sermos mães completas. Não quero ter a filhota mais linda do mundo pendurada de um Jabba em potência. Assim sendo, tenho tido relativo cuidado com os hidratos de carbono - podia ter tido mais, confesso - e, por não ter conseguido erradicar completamente os docinhos, lá marcha uma Romântica de quando em vez.
Este tema da alimentação na gravidez tem outro revés que é a Diabetes Gestacional. Abusar de porcarias porque se está gravida, aliado a alguma predisposição genética, é meio caminho andado para fazer uma PTGO e ter uma má notícia. Eu já vou na segunda PTGO e para já tudo ok. Naturalmente que não me mandarão fazer outra.
Outro aspecto a ter em consideração é o abuso de sal e a sua inevitável relação com a tensão arterial: Grávida que é grávida tem a tensão baixinha, baixinha e andamos todo o dia a desmaiar pelos cantos. Eu pelo menos assim ando. Mas isso é bom. Tensões arteriais baixas é uma boa notícia - abaixo dos 12-8. Eu tenho andado nos 10-6, mas já cheguei aos míticos 9-4. Aqui torna-se perigoso porque se corre o sério risco de desmaiar para cima da barriga - mas é isso e em principio não vamos desmaiar para cima da barriga não é? A tensão alta pode provocar pré-eclampsia e isso sim é uma chatice das grandes, com partos prematuros e morte fetal. Por isso, meninas, cuidado no sal e tensão sempre baixinha sim?
Na praia com 30 semanas. Não se deixem iludir! A parte boa da minha genética é que tenho a cara fininha e clavículas é coisa que nunca desaparece! Hurrey! |
M&M.
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