Family Values // O agridoce da distância
Conheci-te em Angola, onde vivemos. Foi faísca, ligação instantânea, foi a celebração do hedonismo no seu estado mais puro, foram as declarações de amor ao fim de meses que pareceram anos. Foi intenso, tudo tão intenso. Foi bom. Foi tão bom.
Engravidar foi um passo simples, a natureza comoveu-se com a intensidade dos nossos sentimentos. E foi uma mudança radical, a adaptação a um novo estatuto, o estatuto de pais, responsáveis, ligados para a vida. Custou. Não estavamos suficientemente maduros para acolher, não a felicidade da boa nova, mas as implicações que ela trazia. Custou à custa de muita cabeçada, palavras que não deviam ter sido ditas, atitudes irreflectidas, o desconstruir desrespeitoso daquilo que tinhamos construído, sem pudor nenhum de atirar ao chão as paredes da nossa relação.
Felizmente os alicerces são fortes, suportados nas diferenças e semelhanças que nos unem e na vontade de sermos felizes. E evoluímos. Amadurecemos num processo que está em constante evolução: todos os dias nos conhecemos um pouco mais, crescemos um pouco mais em conjunto. E eu escrevo isto de coração na mão, porque acho que todos os dias nos aprendemos a amar ainda mais.
Felizmente os alicerces são fortes, suportados nas diferenças e semelhanças que nos unem e na vontade de sermos felizes. E evoluímos. Amadurecemos num processo que está em constante evolução: todos os dias nos conhecemos um pouco mais, crescemos um pouco mais em conjunto. E eu escrevo isto de coração na mão, porque acho que todos os dias nos aprendemos a amar ainda mais.
Agora eu estou em Portugal pacientemente à espera que a nossa filha nasça e tu estás em Angola e não nos deixas sozinhas mais do que quatro semanas seguidas mas, oh, se é dificil...
Andei estes meses entretida comigo mesma, com a minha querida barriga, com o futuro que me espera, com os fenómenos de nesting, com o arranjar do lar para receber a minha menina. E tu não estavas, não. Mas eu entendia.
Hoje algo mudou e já não entendo. Estiveste cá uma semana, esta semana, os dois no nosso ritmo caseiro e despreocupado, os dois em jantares de família, ou placidamente deixados, cada um para o seu lado do sofá novo, os beijinhos, o namoro, as conversas secretas que tens com a barriga.
Conversas cujo conteúdo não ouço mas no tom doce que eu conheço.
E foste embora. Outra vez. E eu tenho os olhos molhados e um nó na garganta, porque é injusto, é injusto e ninguém me convence do contrário. É injusto que tenhamos tido pouco tempo para desfrutar, como casal, da gravidez, é injusto que eu esteja aqui sem ti, que tu estejas aí sem nós. Que o pouco tempo a dois que saiba a menos e pareça que nunca é aproveitado.
Andei estes meses entretida comigo mesma, com a minha querida barriga, com o futuro que me espera, com os fenómenos de nesting, com o arranjar do lar para receber a minha menina. E tu não estavas, não. Mas eu entendia.
Hoje algo mudou e já não entendo. Estiveste cá uma semana, esta semana, os dois no nosso ritmo caseiro e despreocupado, os dois em jantares de família, ou placidamente deixados, cada um para o seu lado do sofá novo, os beijinhos, o namoro, as conversas secretas que tens com a barriga.
Conversas cujo conteúdo não ouço mas no tom doce que eu conheço.
E foste embora. Outra vez. E eu tenho os olhos molhados e um nó na garganta, porque é injusto, é injusto e ninguém me convence do contrário. É injusto que tenhamos tido pouco tempo para desfrutar, como casal, da gravidez, é injusto que eu esteja aqui sem ti, que tu estejas aí sem nós. Que o pouco tempo a dois que saiba a menos e pareça que nunca é aproveitado.
Deixei de entender: devias estar aqui comigo, não devia ser assim. Assim estou, à tua espera, esperando sobretudo que a nossa filha espere também por ti.
Um beijo
M&M
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