Mom to be // Planning

Quando descobri que estava grávida comecei logo toda afoita a empinar a barriga, a tirar trezentas fotografias de lado que comparava semana a semana e via grandes evoluções (hoje em dia revejo essas fotografias e são todas iguais, com roupas diferentes). Estava convencida que toda a gente via que eu estava grávida e claro, ninguém notou nada, apesar de eu fazer o meu ar mais maternal, de mão pousada no baixo ventre.

Já me sentia muito grávida mas não fazia ideia do que me esperava e se o conceito de "ser mãe" era abstracto, o conceito de parir ou amamentar nem sequer faziam parte do meu imaginário. Como se estar gravida fosse um estado que fosse para sempre. Se calhar tenho falta de visão estratégica.

A verdade é que à medida que o tempo passa e a barriga cresce e tomamos contacto com ecografias cada vez mais humanizadas (a primeira eco da Matilde é muito linda, sem duvida, mas é uma bola no meio do meu útero), à medida que comecei a sentir a minha filha todos os dias (esta foi a parte romântica)...e à medida que vamos ficando enormes, barrigudas, sem posição, com falta de ar, dores na bacia e nas costas e este ar insufladinho benza nos Deus (esta foi a parte gráfica), inevitavelmente começamos a pensar no parto e no depois do parto. Na vida da minha filha, das escolhas que vou ter que fazer, no tipo de mãe que vou ser, na educação que lhe quero dar, na pessoa que a quero ajudar a ser, nos cuidados a ter... Um sem número de mudanças e tomadas de decisão que têm como objecto último o nosso objecto de maior afecto e que por isso trazem uma enorme carga de responsabilidade.

Sou apologista de decisões tomadas de forma informada e consciente e eu, tendo-me informado e estando consciente dos seus benefícios quero um parto o mais natural possível e quero amamentar a minha menina o máximo de tempo possível. Isto é o que eu pretendo, o que eu tenho traçadinho e arrumado em caixinhas na minha cabeça. Mas tenho plena consciencia que as coisas podem mudar e que se tal acontecer - sei lá, se tiver que fazer uma cesariana ou se só conseguir amamentar os dois meses que estou cá em Portugal - não me vou auto-infligir ou achar que sou pior mãe.

Mas no que toca a planos e a garantir a tal sensação de controlo sobre o desconhecido que aí vem, sim. Quero fazer como manda a Natureza. Tenho a certeza que é a forma mais adequada de o fazer, mais saudável para mim e para a Matilde.

Quanto ao parto, há que distinguir aqui entre parto normal e natural. Parto normal é um parto, pronto, em que o bebé sai pelo pipi da mãe. Parto natural é um parto mais hippie, sem assistencia médica, sem epidural, sem oxitocina, um parto em casa, essas coisas. Ora eu se por um lado acho que a Mãe Natureza sabe muito e é preciso respeitá-la na sua sapiência, também acho que ainda bem que existem cuidados médicos que reduziram a mortalidade peri-natal em Portugal para os níveis mais baixos da Europa e por isso devem ser usados. Parvoíces de ter bebés em casa para mim são isso mesmo: grandes parvoíces. Mas não vamos cair no extremos de medicalizar completamente o parto. Se gravidez não é doença, o parto de certeza que não é intervenção cirurgica. E assim a minha opção passa por ter um parto o mais natural possível em ambiente clínico. Á lá ver se me faço entender. Quero um parto que não seja induzido, que seja despoletado pela minha rica filha, ela lá saberá quando é dia de me vir conhecer. Não quero que me ponham oxitocina química a correr pelas veias, quero que a minha oxitocina natural se responsabilize pelas contracções e me dê tempo para descansar entre elas. Não quero episiotomia. A menos que o risco de laceração seja evidente, a episiotomia é uma prática que muitas vezes é feita indiscriminadamente sem antecipação da sua real necessidade. Quanto à epidural, meu coração balança, porque se por um lado sei que pode trazer complicações (casos raros, atenção, o facto de uma mulher não sentir a dor da contração não implica que não saiba que a está a ter e pode continuar a fazer força na mesma), por outro lado, sou uma mariquinhas-pé-de-salsa do pior. Assim a decisão é: "aguentar-me o máximo possível...não aguento mais, preciso de drogas!". Acredito que seja qualquer coisa deste género.
O parto será na MAC. "Porquê na MAC? Iuu, há sitios tão chiques para ter bebés! Não tens dinheiro, é?". Não meus amores. Eu vou explicar. A MAC é a coelheira de excelência. Na MAC trabalham os melhores e mais competentes profissionais de obstetrícia. Casos de risco, é na MAC. Casos que começam a correr mal no Hospital da Luz ou na CUF Descobertas acabam na MAC. O meu obstetra é Director de Serviço na MAC. Para mim, se quiseres mimo, vais para o privado, se quiseres qualidade, vais para o público. Desculpem lá o fundamentalismo mas é a minha opinião. Assim sendo eu sei que me sentirei mais confortável e segura...digam lá...na MAC! "Aaah, mas depois vais ter que partilhar o quarto com pessoas". Pois vou, e a ideia não me agrada nada, mas vejo isso como o pagamento que terei que fazer por um serviço de qualidade. O tal pagamento que não farei para ficar no Hospital da Luz. Depois se o parto for normal e sem complicações de maior, a partilha de quarto resume-se a uma noite, pelo que acho que consigo aguentar o recado, não sou assim tão princesa.  Claro que tive a ideia maravilhosa que era a seguinte: Paria na MAC. O Puerpério passava-o ali no Sheraton. Acho que era o ideal.

Assim sendo já fiz o tour MAC, a digressão, eu e mais trezentas gravidas, vi a sala de partos e, pois tá bem, tem aquilo que é preciso, é melhor que não me esqueça do iPad. O puerpério é de facto uma visão desagradável mas, lá está. É o preço a pagar pela qualidade de serviço.

Quanto à amamentação a escolha é simples: Quero amamentar. Aqui, sei que vou ter que ter muita calma nessa hora, ignorar todas as experts em amamentação que me aparecerem pela frente, seguir o meu instinto. Sei que vai doer, que posso experienciar horrores na subida do leite, achar que vou morrer, etc. Também sei que posso simplesmente não gostar. É uma incógnita.
Mas tenho plena consciência dos benefícios que o leite materno traz ao bebé, ao nível da adequação das suas propriedades às necessidades da bebé, da partilha de imunidade, de ser prático e barato - limpar biberões às três da manhã? Tenha medo... - e de ser a fonte de alimento da minha menina - qualquer coisa como ela ver-me e pensar feliz "Oba! Almoço!" - do potenciar a nossa ligação mãe-filha, de me sentir a super-mãe porque faço tudo e mais umas botas e ainda gero pitéu para a Matilde

Sei ainda que é a melhor opção porque gasta calorias, porque me ajuda a voltar à forma física e ajuda o útero a ir ao sítio. Só vantagens! Não sou fundamentalista da mama, como diz a outra, mas parece-me uma decisão bastante óbvia. O objectivo será amamentar o máximo de tempo possível, assim sendo, em Portugal estarei inteiramente dedicada à causa Matilde e a com disponibilidade total para amamentar. A partir do momento em que voarmos para Angola o caso muda de figura, já que vou recomeçar a trabalhar (apesar de no início ter um horário reduzido). Aí o plano será tirar o leite com a bomba ou, se não me entender - que acredito que possa acontecer - manter pelo menos a amamentação de manhã e à noite, alimentando-se a minha cria a leite adaptado durante o dia.

Eis alguns dos itens que adquiri no âmbito "Parafrenália de Amamentação"

Discos de Amamentação da Chicco. Para não ficar com incómodas manchas na camisola.

Protectores de Mamilo da Medela. Just in case.

Lanolina. Just in case.

Discos Térmicos da Avent. Para não andar a por ervilhas congeladas nas mamas.


M&M

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