Esta coisa de ser mãe // graças e desgraças na corte da rainha amamentação

Quem me conhece - neste caso vertente também se aplica a quem lê o blog - sabe que sou defensora acérrima da amamentação. Quando estava gravida li bastante sobre o tema, inteirei-me sobre as suas inquestionáveis vantagens, sobre as possíveis dificuldades iniciais - gretas, dores, até mastites - e decidi que o melhor para a Matilde seria um regime de amamentação exclusiva até aos 3 meses, pelo menos, altura em que recomeço a trabalhar. Um dos motivos que me levou a tomar esta decisão foi exactamente a ida para Angola. Estando lá a viver há cerca de três anos, foram varias as doenças que tive - gastrenterites e tal, calma . Acredito que tenha apanhado muito bicharoco e tenha desenvolvido imunidade aquela bicheza toda. (Tanto que um lindo verão, cá em Portugal, fui comer umas amêijoas com os meus pais, e enquanto eles ficaram reféns do wc, eu fiquei fresca e fofa graças ao meu sistema imunitário africano). É exactamente este sistema imunitário que eu queria passar para a minha filhota via amamentação e assim, no que depender de mim, evitar que qualquer tipo de bicho lhe faça mal - até fiquei com raiva dos bichos agora.

Como também ja aqui referi, a coisa estava a correr bem. A Mati nasceu pequenota com 2680g e 46cm - a mãe lambona que chegou aos 84kgs foi uma sovina, está visto - e decidi que ia resistir a pressões para introduzir leite artificial. Mesmo quando a fui pesar 2 semanas depois do parto (após a perda típica de 10% do peso devido a eliminação de edema e mecónio) e ela tinha apenas 2785 - tinha engordado apenas 18g/ dia - e chorei que nem uma madalena, continuei firme na missão-mama. Os resultados não se fizeram esperar e num mês a Matilde engordou 970g - quase um quilo! - e chegou aos 53cm - ah valente!!!

Até que chegamos a esta semana. As horas da vuvuzela andavam com mais intensidade que o habitual e, ultimamente, a Baby M, que após a mamada normalmente adormecia repimpada, começou a fazer fitas no fim da mama. Berrava irritada. Mas ficava ali a brincar e a fazer barulhinhos... Eu tirava e punha a arrotar e ela vá de abrir a goela. Mas, estranhamente, as noites continuavam tranquilas. O ponto culminante desta história foi anteontem, que ela esteve a tarde toda a chorar e mamava desenfreadamente e eu já nem tinha leite para lhe dar e ela chorava e eu fazia de tudo e ela adormecia por instantes e 15 minutos depois retomava o berreiro e as tantas lá pensei. Que aquilo seria fome.

E fiquei a sentir-me a pior mãe do mundo porque não o tinha percebido antes e a miúda andava ali a sofrer.

E cedi à pressão. Fiz-lhe um biberão de NAN 1 - tinha umas amostras em casa - e ela basicamente mamou 90ml e adormeceu durante 5 horas, tal não era o cansaço.

E agora, apesar de ainda não ter ido ao pediatra - vamos na segunda-feira - estou basicamente a fazer suplemento. Ela mama. Fica com fome? A chorar? Biberão... E posso dizer que ainda agora depois da mamada matinal, mamou mais 60ml daquela mistela. Porque ficou toda choramingas e agora, depois do biberão, ficou ferrada a dormir de papo cheio aqui ao meu lado.

E eu? Eu por um lado gosto de a ver assim satisfeita e não ter fome é o mais importante obviamente. Mas por outro nao consigo evitar sentir que falhei. Que não fui suficiente para a minha cria. Que não cumpri nenhum dos planos que tinha delineado - nem parto normal nem amamentação exclusiva. Que o meu leite afinal não era assim tão bom e fui despromovida de super-mãe. E não consigo deixar de pensar se não me terei precipitado com a introdução do aleitamento artificial. Se não devia ter pedido mais opiniões. No que terei eu feito no meu ritmo de vida para que isto acontecesse - bebi pouca água? Comi pouco pão? Bebi muito chá de hortelã? Fui muito ao ginásio?

Enfim. Estou triste com isto principalmente porque sei que este é o primeiro passo para a amamentação ir à vida. E ficar eu a braços com doseadores, tetinas, esterilizadores e escovilhões, que estragam a magia toda da alimentação da minha pequena.

Comentários

  1. Seria bom se escrevesse um post por dia, pelo menos. Esses outros blogs sobre maternidade são tão enfadonhos, isso para não falar nas inúmeras propagandas veladas que elas fazem, sem sinalizar como publieditorial. Este aqui agrada até a mim, que sequer penso em ter filhos.

    ResponderEliminar
  2. Uau, obrigada! Vou tentar fazer posts diários.

    Gostava tanto que os meus comentadores não fossem todos anónimos!

    ResponderEliminar
  3. Eu não tenho blog, comento assim por preguiça de fazer login, lol. Acompanhava também o outro, mas vi que está fechado. Mas acho que dá para mesclar um pouco do outro nesse aqui também.

    ResponderEliminar

Enviar um comentário

Mensagens populares