Uma complicação

A vida em Angola pode ser um rebuliço de eventos sociais e eu que o diga. Estou perante dois fins de semana em que tenho já a agenda cheia de convites para jantares, cocktails, celebrações do dia da mulher, jantares de equipa, jantares informais em casa de amigos. Já para não falar de um tempo de praia maravilhoso e ela mesmo aqui ao lado.

Mas dizem vocês pois é Margarida, tudo muito bonitinho mas tu tens uma bebé e ter uma bebé implica ficar em casa a alimentar a cria, toda descabelada, com nódoas de bolsado, mama de fora e um cheiro a leite azedo constante. E eu digo-vos assim:

Não.

Quando cheguei a Angola estava paranóica com mosquitos e bandidos e a Matilde não saía de casa sob pena de eu ter mini ataques cardiacos a cada esquina. Hoje ainda tenho um bocado taquicardias mas já me controlo e, mais do que isso, descobri o verdadeiro prazer de andar com a minha filha a reboque. Dá um bocado mais de trabalho, é certo, dantes era arranjar-me, vestir-me toda boneca e lá vai disto maltinha. Hoje em dia há todo um conjunto de acessórios volantes que não podemos esquecer e, por via das duvidas, estão sempre lá arrecadados na mala de ir à rua, para que as saídas não demorem uma hora a acontecer e ao fim de meia hora já consiga por o pé fora de casa - mesmo que volte cinco vezes atrás. Os acessórios volantes são a rede mosquiteira, fraldas, bephantene, toalhitas, tapete de muda, fraldas de pano, anti-mosquitos a pilhas - ou "a rádio mosquito" - creme dos mosquitos (nota-se muito que sou maluca com os mosquitos?), e depois para cada saída, biberão esterilizado, com água mineral, saquetas de leite NAN1 já prontas a dissolver, saquetas de papa já prontas a dissolver, o pratinho da papa e a colher.

E lá vou eu, carregada que nem um burro, com a Matilde no ovo, feliz, mais o homem a caminho de um desses restaurantes chiques da ilha de Luanda. A Matilde adora e o seu espanto é evidente. Como se pode ver pela figura anexa:

Mas ia eu a dizer, que estes fins de semana que se avizinham estão repletos de eventos sociais e eu? Eu faço o que? Eu vou e levo o meu adereço mais bonito.Vai jantar a casa dos amigos, vai jantar ao restaurante, vai ao jantar do dia da Mulher - que afinal é que ela é. Só nao vai ao festival Sons do Atlantico - nem eu - porque vamos ficar em casa a namorar.