Baby Matilde // Primeiras Impressões

Ora beim.

Agora que passou uma semana e 5 dias desde que nasceu a 'tildocas, passo a contar-vos a minha experiência de parto e primeiras impressões sobre isto de ser mãe.

Dia 15 de Outubro, de 39 semanas acabadinhas de celebrar, fui ao médico fazer a revisão semanal. A ecografia durou, durou e, no fim, foi me dito para ir à Ecofetus - a clinica onde realizei as ecografias - porque lhe pareceu que eu estava com pouco liquido amniotico. E eu lá fui. Surpreendentemente calma. Chego lá e afinal a médica que me faz as ecos estava noutro consultório, uma confusão mas sem drama nenhum "Margarida, quer vir ter comigo agora a Entrecampos ou quer ir ter comigo à MAC às 21.30, que eu estou de banco?".

Eu pensei, meh, voltar para Entrecampos agora parece um bocado palerma. Vou à MAC à noite. Surpreendentemente calma. A chegar ao carro liga-me o meu obstetra e avisa-me logo "não comas mais nada hoje". E eu pensei, olha, olha... Tu queres ver...

Calmíssima da vida.

E comi uma sandes porque estava esfomeada - eram 18.00 - e dormi uma sesta enorme e pelo sim pelo não avisei o homem desta questão de me quererem já por em jejum e do que isso significa. O homem teve um piripaque e pôs-se a caminho de Lisboa.

21.00 - chamei o taxi - só pelo sim pelo não - e lá fomos, eu e a minha mãe, sem qualquer tipo de malas de maternidade atrás, carregando apenas a pasta dos exames, para a MAC. Cheguei, fiz alegremente a ecografia e eis que oiço as seguintes palavras - mais coisa menos coisa:

"Estamos com pouco líquido, a placenta está velhinha e a menina pequenina. Podemos induzir o parto mas pode acabar em sofrimento para a bebé e  acabar em cesariana e por isso vamos fazer já uma cesariana".

"Ah. Está bem. Então e isso é para quando?"

"Agora. Assim que ficar em jejum"

"Ah. Está bem" - Calmérrima da vida.

Lá me internaram, fui para a sala de partos, ali estive ligada ao CTG um bocado, puseram-me soro na veia, e eu alegremente ao telefone com o homem que estava doido e não parava de falar, com a minha querida Enfermeira Ofelia do Espaço Cegonha que me salvou de ficar numa camarata cheia de puerparas e bebés, com alguns familiares mais próximos, a trocar umas ideias com a minha mãe enfim. Tranquila. 

Eis que bate a meia noite - um bocadinho antes: e chega a maca para me levar para o bloco operatório. Eu saltei - ah, ah, ah, resvalei a 1 km/h - para a maca e fico ali a ver as paredes e o tecto a passar e aí. Aí passou-me a calma toda e paniquei à grande. Então quando me estacionaram à porta do BO e fiquei ali 5 minutos a olhar para o sítio onde a minha filha ia nascer, começo toda aos tremeliques de emoção e a começar a chorar. 

A cesariana, meus amigos, é uma coisa que não custa nada. Puseram-me a epidural na espinha, ficou tudo quente e mole. Puseram-me aquela cortina cirúrgica na frente, de modos que eu via o tecto e cortina azul. De repente começo a ficar muito mal disposta, com reflexo gastro-esofágico - que é como quem diz, ia-me vomitando toda - aos tremeliques, e lá me deram uma droga para subir a tensão. Os tremeliques não pararam. Era frio e emoção tudo junto. E comichão na cara. E ai meu deus, porque é que o Dr. Jorge está a tirar uma foto? Será que nasceu é a quer enviar para o meu pai? Bruxo: "já nasceu!" E ela  berrava vigorosamente, "chora com lágrima!" E eu, aí meu deus, aí meu deus,  e vejo primeiro uma mão e depois a minha filha inteira de boca escancarada e são dois frames que nunca se irão apagar da minha memória! E levaram-na. E eu fiquei ali desolada sem filha a ser cosida e agrafada, de olhos arregalados e postos na porta para onde a levaram.

Agrafada e desensibilizada, toda aos tremeliques, ouço a primeira música - devia estar a RFM ligada no bloco ou assim - a primeira música enquanto mãe da Matilde e, mais choro: "eu não existo longe dji você, e a solidão é o meu pior castxigo, eu conto as horas pra poder txi ver, mas o relógio ta dji mal comigo".

Chegou finalmente. A minha filha chegou. E puseram na nos meus braços numa maca quente e fiquei ali estática. A olhar para ela. Aninhada e calminha no meu abraço. Quanta emoção. Quanta emoção senhores!!!

Amanhã continuo. Agora preciso de lhe ir dar beijinhos :)

M&M