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Quando acordo às 06.00 da manhã para dar um biberão (Para a minha querida não se esquecer que eu existo desde as nove da noite até às cinco da tarde do dia seguinte. Faço questão de ser eu a dar esse biberão, mesmo que durma menos meia hora. Mesmo que ela esteja a dormir e nem se aperceba que sou eu).
Quando tomo banho, seco o cabelo, pinto-me para dar um ar decente a esta cara que não vê sol desde Agosto, quando calço os meus saltos altos, a minha roupa business de consultora e saio de carro descendo Luanda matinal, entre carros amontoados num trânisto caótico.
Quando almoço em cinco minutos uma sopa ou uma salada porque isto a dieta não se compadece e a barriga e as pernas e os braços continuam demasiado grandes para ser verdade.
Quando ligo à babá a saber se comeu, se fez cocó, se como está a constipação, se está feliz e bem disposta ou chorosa e birrenta, se tomou o xarope, se a agua do banho já foi fervida.
Quando trabalho, dou à tecla, entrego, reuno, vendo, negocieio, trato, faço, falo, invento, defino.
Quando saio, amarinhando a custo cidade acima, desesperada para chegar, para encher o meu bebé de beijos, para lhe dar miminhos, conversar com ela, para me descalçar, para me por confortável, para lhe dar o biberão da tarde - que, gaita, nunca chego a horas - pensar no jantar, descongelar a sopa da princesa, aquecer, dar a sopa, pedir ajuda no jantar.
Quando o gerador não funciona, quando não temos luz, quando os vizinhos reclamam que têm infiltrações por causa da nossa bomba de água, quando vejo os kunangas à porta de casa e só tenho vontade de os esmagar a todos com a frigideira, tipo barata.
Quando a empregada falta, quando o computador tem um erro fatal.
Quando a quero por a dormir, para dar tempo de qualidade ao homem e ela chora que não quer dormir, o homem reclama que quer companhia, que agora não sou a mulher dele, sou só a mãe da Matilde, solicitações constantes e eu não me desmembro em 20. Ainda.
Quando acordo de manhã e sinto que o meu emprego é, na verdade, um part-time. Que pego o outro emprego quando chego a casa.
E mesmo depois de tudo isto, quando adormeço feliz e realizada porque, mal ou bem, lá vamos dando conta do recado. E sou feliz. Ah, pois sou.
Quando tomo banho, seco o cabelo, pinto-me para dar um ar decente a esta cara que não vê sol desde Agosto, quando calço os meus saltos altos, a minha roupa business de consultora e saio de carro descendo Luanda matinal, entre carros amontoados num trânisto caótico.
Quando almoço em cinco minutos uma sopa ou uma salada porque isto a dieta não se compadece e a barriga e as pernas e os braços continuam demasiado grandes para ser verdade.
Quando ligo à babá a saber se comeu, se fez cocó, se como está a constipação, se está feliz e bem disposta ou chorosa e birrenta, se tomou o xarope, se a agua do banho já foi fervida.
Quando trabalho, dou à tecla, entrego, reuno, vendo, negocieio, trato, faço, falo, invento, defino.
Quando saio, amarinhando a custo cidade acima, desesperada para chegar, para encher o meu bebé de beijos, para lhe dar miminhos, conversar com ela, para me descalçar, para me por confortável, para lhe dar o biberão da tarde - que, gaita, nunca chego a horas - pensar no jantar, descongelar a sopa da princesa, aquecer, dar a sopa, pedir ajuda no jantar.
Quando o gerador não funciona, quando não temos luz, quando os vizinhos reclamam que têm infiltrações por causa da nossa bomba de água, quando vejo os kunangas à porta de casa e só tenho vontade de os esmagar a todos com a frigideira, tipo barata.
Quando a empregada falta, quando o computador tem um erro fatal.
Quando a quero por a dormir, para dar tempo de qualidade ao homem e ela chora que não quer dormir, o homem reclama que quer companhia, que agora não sou a mulher dele, sou só a mãe da Matilde, solicitações constantes e eu não me desmembro em 20. Ainda.
Quando acordo de manhã e sinto que o meu emprego é, na verdade, um part-time. Que pego o outro emprego quando chego a casa.
E mesmo depois de tudo isto, quando adormeço feliz e realizada porque, mal ou bem, lá vamos dando conta do recado. E sou feliz. Ah, pois sou.
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