A fofa e a sua personalidade

Ser mãe é bom. É mesmo. Cliché eu sei, mas é. Ser mãe é ter sempre mais tempo, mais paciência, é acordar todos os dias e parecer Natal porque sei que ela dorme ali no quarto ao lado - toda destapada, o que me aflige imenso, mas dormir tapada não é com ela, tapada nem dorme na verdade, fica de pé no berço a reclamar e depois lá adormece cansada e eu vou de mansinho aconchega-la. Ser mãe é ficar com bocadinhos de cocó na mão e não ter absolutamente nojo nenhum, claro que não, que absurdo. É deita-la e ficar com pena, porque é tão bom estar com ela no sofá a brincar, a pedir-lhe para mostrar "onde está o gato matilde?" E ela apontar sem duvidas o gato desenhado no seu livro das primeiras palavras enquanto diz "Gá!". E eu sentir um orgulho imenso! Enquanto repito "Gá-to"! "To"! E ela retorna: "gá!" Muito convicta, e eu tá bem, e o passarinho? E ela lá aponta o dito cujo e eu aperto-a de beijinhos até ela se zangar muito comigo porque eu sou uma chata dos beijinhos realmente. A Matilde está esperta, está desenvolvida, dá beijinhos, faz festinhas à mamã, bate palminhas. Puxa os cabelos. Isto já não é tão giro. E eu fico modo educadora: Matilde, não! E ela, ri-se muito com os seus quatro dentes, o ar mais matreiro do mundo, esconde a cara e depois... Puxa de novo! Ah, malvada! Não adianta eu dizer não. A Matilde não quer saber. Adora a brincadeira. Teimosa! Sai à mãe. Que fazer? Nada. Deixá-la brincar. O pior é a comer. A Matilde começou a comer comida dos crescidos - a provar - e vá lá...A-DO-ROU! Sopa sem sal? Tas a gozar não? Pffffffft, espirra aquilo tudo. Ja comecei a por um bocadinho de sal para tornar aquilo mais interessante, resultou, mas ainda assim... Pfffffft. E aí é um "Não!" Um bocadinho mais assertivo porque realmente cuspir a sopa não é fixe. Hoje ralhei-lhe, enquanto ela se cuspia toda e resmungava que não queria. Ralhei e ela zangou-se à grande. Um beicinho até aos pés. E eu estava mesmo chateada porque a verdade é que ela até ja baixou de percentil e andar a fazer gazeta à sopa - depois das gazetas todas à papa e à fruta e ao biberão... Oooh que tristeza imensa. Zanguei-me, ela zangou-se comigo e olhava para o pai à procura de validação.  O pai também dizia "Não!" E ela sentiu-se claramente um bocado defraudada.

Pronto, claro que agora me estou a sentir mal por causa da birra do jantar. Claro que lhe dei mil beijos e brincamos muito depois do jantar para compensar mas ainda assim. Se calhar fui má. Ser mãe é bom mas depois também custa nestas coisas. 

Agradeço sugestões queridos leitores. Podem se zangar comigo. Eu compreendo.