A bebé mais linda do mundo (como informei ao senhor recenseador angolano)

A minha filha, que era um bocadinho brócolo e ficava onde a deixava, agora amarinha por mim acima, rebola ao longo de todo o edredon* que estendo no chão, ao jeito de playground de sua senhoria. E ri-se. Ri muito. Ri-se das palhaçadas que faço e dos ataques de beijinhos que lhe faço, na barriga, no pescoço, na fralda, nas pernas, nos pés. Gargalhadas que me deixam a mim às gargalhadas. E ali ficamos as duas estendidas a rir como duas tontinhas. A minha filha adora andar no colo, atenta a tudo o que faço, depois deita-se para trás a pedir mais adrenalina e faço-lhe um aviãozinho e a miúda perde as estribeiras e ri-se, ri-se só mais um bocadinho. A minha filha adora guardanapos e rasgá-los em pedacinhos infinitos. Adora os Simpsons. E o meu telefone. E o comando da televisão. A minha filha já não é aquele bebé quietinho que chora quando tem fome. Agora aprendeu que pode fazer birras. Às vezes parece bipolar, não sabe se há-de rir ou chorar então fica ali algures no meio. A minha filha disse "mãaa" a olhar para mim, e eu quase que posso jurar que é comigo. Tem os olhos mais expressivos do mundo. Gosta de ficar encostada a mim a ver televisão e a comer o comando da televisão e eu adoro ficar ali a sentir a segurança que ela sente. A minha filha está cada vez mais pessoa. Mais amiga. Minha companheira, empoleirada na minha anca.

*Um agradecimento à querida Mariana, meu corrector ortográfico em matéria de edredons. Edredões. Edredões. Raios!